Bom Dia, Amado(a)
Leitor(a):
Nestes três últimos
meses eu estive reciclando meus conhecimentos teológicos e procurando refletir
sobre algumas experiências de vida vivenciadas por mim nas diversas comunidades
religiosas que já frequentei e naquelas que frequento atualmente e, então,
tenho uma palavra de experiência de vida para lhe passar para que você fique
alerta e tome bastante cuidado, seja você apóstolo, profeta, evangelista,
pastor, mestre, bispo, diácono, operador de milagres, etc. Assim, eu gostaria
que você me acompanhasse nesta reflexão cujo tema é: “muito cuidado com as
associações indevidas entre Igreja e outras organizações seculares”.
Não sei se você já percebeu, mas, desde que
inauguramos este blog temos, de diferentes formas, abordado seja de modo direto
ou indireto a repeito do tema Igreja e, como sou uma estudiosa do fenômeno
religioso e suas diversas formas de organização e manifestação institucional, mais
uma vez venho aqui escrever sobre o tema, porém desta vez sobre um grave
equívoco desta instituição chamada Igreja através de sua manifestação histórica
na Terra: a sua indevida associação com outras instituições criadas pelo ser
humano de modo que a faz perder a identidade e características peculiares que
lhe tornam apta e habilitada para alcançar o alvo, a missão e os objetivos
instituídos por DEUS para esta instituição na Terra!
Portanto, hoje eu gostaria de lhe mostrar que
Igreja, apesar de juridicamente ser uma associação de pessoas, contudo não é um
quartel (instituição militar), uma empresa, um clube e nem muito menos um
partido político e, gostaria ainda de lhe mostrar as graves consequências que
ocorrem quando se considera e se passa a agir como se a Igreja fosse um quartel
ou uma empresa ou um clube ou um partido político! Sem querer entrar no mérito
se as características peculiares e marcantes das instituições quartel, empresa,
clube e partido político que irei mencionar adiante são corretas e boas ou não
e se tais características são necessárias ou não, eu descrevo abaixo algumas das
características peculiares e marcantes destas organizações:
1)
Uma organização militar: Na
organização militar o perfil ideal de liderança adotado é o da liderança
autocrática, a regra padrão de obediência estimulada é da obediência
incondicional e sem questionamentos às autoridades e leis constituídas, o
questionamento e a “desobediência” podem trazer diferentes punições indo desde
a advertência e disciplina (prisões, etc.) até expulsão da corporação, os seus membros estão sempre em estado de alerta máximo em prol da segurança e por isto mesmo são
treinados para viverem desconfiando de tudo e de todos, os privilégios das
patentes superiores são diferentes daqueles das patentes inferiores, etc. Quando
um líder e Igreja passam a considerar uma Igreja um quartel geralmente ocorrem
os seguintes comportamentos (digo geralmente porque podem até existir exceções,
mas até agora não vi), comportamentos estes que podem se manifestar de forma simultânea
ou não:
- Apenas o(a) líder fixa as diretrizes, sem qualquer
participação do grupo;
- O(a) líder determina as providências e as técnicas para
a execução das tarefas, cada uma pôr vez, na medida em que se tornam
necessárias e de modo imprevisível para o grupo;
- O líder determina qual a tarefa que cada um deve
executar e qual o seu companheiro de trabalho;
- O líder é dominador e é "pessoal" nos elogios
e nas críticas ao trabalho de cada membro;
- A Igreja se torna alvo fácil de lideranças manipuladoras
que usam das mais diferentes estratégias para imporem o seu domínio e poder,
pois estas lideranças confundem autoridade com autoritarismo e não praticam o
princípio de que liderança não se impõe, mas se conquista e, no caso da Igreja,
a liderança perfeita é conquistada não por força e nem por violência, mas, pelo
Espírito de DEUS pelo poder do amor (Zacarias 4:6; Colossenses 3:14)!
- A Igreja passa a ter uma elite de governo cujos
privilégios são muitos, privilégios estes que o restante dos membros não possui
e, assim, a Igreja passa a ser a reprodução fiel da divisão social de classes
em seu mais alto grau e estilo existente no mundo secular, aspecto este que
justamente JESUS foi contra e ensinou que na Sua Igreja não deveria existir (Lucas
22: 24-27; João 13)!
- A Igreja adquire um caráter belicoso ao ponto de perder
o foco de que a sua batalha é espiritual e contra principados e potestades diabólicos
e não contra os membros da Igreja (os quais são irmãos em CRISTO) e demais
seres humanos escravizados pelo pecado e cegueira espiritual (Efésios 6: 10-20;
Gálatas 5: 13-15)!
- A Igreja passa a ser um repositório de tradições,
ortodoxias, hierarquias e rituais humanos rígidas que a torna extremamente inflexível e
insensível ao mover do ESPÍRITO de DEUS (impedindo inclusive a plena atuação do
ESPÍRITO de DEUS na distribuição de dons e ofícios ministeriais e na operação
de sinais, prodígios e milagres) e sem fé na autoridade do poder da
determinação do Nome de JESUS para desfazer toda e qualquer obra do Diabo na
Terra, aspectos estes que são válidos até os dias de hoje (Mateus 28: 18-20;
Marcos 16: 14-18; I Coríntios 12; II Coríntios 3; Mateus 17: 18-20; 21: 21-22);
- A Igreja vira um campo minado para dissensões e
divisões, pois as lideranças autocráticas não admitem compartilhar a liderança na
Igreja com outras pessoas, não são adeptas da plena participação dos membros
nas decisões, logo, você líder religioso(a) cuja personalidade tem este estilo
de liderança autocrático deveria repensar se realmente a Igreja é o seu local adequado
para você trabalhar ou então repensar seu estilo de liderança para não ficar
conhecido como duro(a), que não sabe trabalhar em equipe e um(a) líder que por
onde passa causa divisão nas Igrejas e afugenta as ovelhas cuja vida custou o
sangue de CRISTO na cruz! É bom também você, líder religioso(a), lembrar-se de
que se continuar assim poderá inclusive terminar sem Igreja para liderar devido
a sua má fama e, má fama depois que se pega, como a minha saudosa avó me
ensinou, é que nem saco de penas que se estoura em cima de uma montanha, sendo
inútil achar que depois de estourado o saco consegue-se pegar estas penas de
volta e coloca-las dentro de um saco! Mas, se quer continuar assim, um conselho
sábio para estas lideranças religiosas autocráticas é que procurem um plano B, C,
etc., de sustentação financeira (concurso público, montar uma empresa para si
mesmo, investimentos financeiros que lhe possa dar rendas, etc.), pois mais
cedo ou mais tarde poderão perder o sustento financeiro da atividade pastoral,
com o agravante disto vir acompanhado de processos na justiça por práticas de
assédio moral e institucional e, como se sabe, a vida de missionário e/ou
fundador de Igreja não é nada fácil principalmente para quem está envelhecendo!
Pois é, o mundo e os tempos mudaram, o Direito e suas leis evoluíram e as
pessoas estão mais conscientes dos seus direitos como cidadãos!
- Qualquer discórdia passa a ser alvo de disciplina onde
muitas vezes os liderados são tratados como se fossem crianças que recebem
disciplinas até mesmo típicas de uma criança na idade pré-escolar!
- A Igreja (liderança e liderados) adoece em termos de
relacionamentos, pois muitas são as mágoas e ressentimentos mútuos;
- A Igreja perde a capacidade de consciência crítica e de
poder decisório os quais são essenciais para seu crescimento sadio
(desenvolvimento), pois espiritualmente a Igreja é a Universal Assembleia de DEUS
nos Céus e na Terra (Hebreus 12: 23). Assim, fica perigosamente vulnerável ao
surgimento de lideranças estilo Jim Jones para lhe governar e aos movimentos de
inquisição os quais a nossa História está repleta de exemplos desde o início da
Igreja, passando pela Idade Média e chegando até os dias atuais!
2) Uma empresa: A empresa tem como características marcantes
ser uma atividade econômica exercida profissionalmente pelo empresário por
meio da articulação dos fatores produtivos para a produção e circulação de bens
e serviços e também o estímulo da competição tendo em vista que seu
alvo é vencer os seus concorrentes para obtenção do lucro. Numa empresa usa-se
e abusa-se das técnicas de marketing e publicidade no sentido de não apenas
comunicar sua imagem e ideia, mas, principalmente, para obter respostas rápidas
de adesão do público sem que o mesmo tenha muito tempo para pensar se a sua
decisão de adesão ao produto (bens e/ou serviços) oferecida pela empresa é uma
necessidade real e se vale a pena investir nesta aquisição. Quando um líder e
Igreja passam a considerar uma Igreja uma empresa geralmente ocorrem os
seguintes comportamentos que podem se manifestar de forma simultânea ou não:
- O(a) líder passa a ter como
meta e a aplicar princípios e estratégias empresariais: ter a obtenção do lucro
(financeiro, etc.) como o alvo principal da Igreja, aplicação de princípios da administração
tais como estratégias e estímulo de competição e concorrência entre os membros
da Igreja e entre uma Igreja e outra Igreja (da mesma ou de outra denominação
ou segmento religioso) e, em geral a Teoria “X” da administração é a mais
aplicada (teoria esta que consiste no que existe de mais arcaico na administração
empresarial moderna e cujas empresas modernas procuram fugir preferindo aplicar
hoje as Teorias “Y” ou “Z” de
administração. Ao adotar a Teoria “X”, os membros em vez de serem respeitados (inclusive
por serem voluntários) passam a ser considerados como se fossem empregados que devem
prontamente responder positivamente às metas que lhe são apresentadas e ordenadas,
pois caso contrário passam a ser coagidos e constrangidos por diferentes
práticas de assédio moral e institucional indo desde serem alvos de piadas até provocações,
perseguições e repreensões em público, tendo em vista que o estilo de liderança
autocrático é o modelo ideal de liderança da Teoria “X”! Mais uma vez vale
lembrar: você, líder religioso(a) cuja personalidade tem este estilo de liderança
autocrático deveria repensar se realmente a Igreja é o seu local adequado para
você trabalhar ou então repensar seu estilo de liderança!
- O(a) líder e a Igreja que passam a considerar a Igreja
como se fosse uma empresa se esqueceram e/ou deixaram de acreditar que a Igreja
é o Corpo de CRISTO (logo, um organismo vivo, Efésios 1) e a família de DEUS (João
20:17; I Timóteo 5: 1-2; I Pedro 5: 1-5), portanto, assim como ocorre numa
família, cada pessoa é diferente, tem um tipo de personalidade com
características únicas, tem necessidades diferentes, tem um nível de
maturidade, entendimento e tempo de resposta comportamental diferente, o
sentimento e prática do amor fraternal, do voluntariado e da cooperação consistem
nas principais marcas de identidade da instituição família em seu mais puro e
genuíno significado existencial e, em toda família saudável e equilibrada que
se preze as agressões físicas e morais são comportamentos inaceitáveis! Além do
mais se esquece da advertência ensinada pelo Apóstolo Paulo de que as nossas
armas de milícia pela fé não devem ser carnais, mas, sim, poderosas em DEUS e
que a Igreja deve ter muito cuidado para não ter o seu entendimento corrompido
e venha a se apartar da simplicidade e da pureza que há em CRISTO (II Coríntios
10; 11).
3)
Um clube e um partido político: Estas duas instituições possuem características
similares e bem marcantes na sociedade tais como a padronização da identidade
visual, o partidarismo, a militância, a competição, a promoção de eventos, a
busca de filiados e de negociações para suas agremiações e para os seus
empreendimentos associativos (diversões, lazer, projeto de poder, bens
materiais, etc.) e a prática de filantropia (obras sociais).
- O(a) líder e a Igreja que passam a considerar a Igreja
como se fosse um clube ou um partido político se esqueceram e/ou deixaram de
acreditar que a Igreja é a representante oficial do Reino de DEUS na Terra (é a
Casa de DEUS e de Oração na Terra, Mateus 21: 12-17), Reino este que é justiça,
paz e alegria no ESPÍRITO SANTO (Romanos 14:17), portanto, a oração e a
pregação da Palavra do Evangelho (Boas Novas) de Salvação Plena (em todas as dimensões
existenciais da vida humana) em CRISTO na unção do ESPÍRITO de DEUS deve ser o
seu principal motivo, foco, mensagem e estar presente em todos os seus eventos
(I Timóteo 3; II Timóteo 4: 1-5). Isto não significa que a Igreja deva se
isentar de fazer obras sociais, mas, sim, que o seu foco principal de
responsabilidade não deve ser as obras sociais filantrópicas (João 6: 22-71;
Atos 6)!
Bem, lhe agradeço por ter me acompanhado nesta reflexão, aqui
termino e espero que você irmão ou irmã em CRISTO, seja quem for, tenha muito
cuidado com as associações indevidas e equivocadas entre a Igreja e outras
organizações, associações estas as quais, infelizmente, desde o início do
surgimento da Igreja têm ocorrido e, nestes últimos dias, estão permeando e abundando
a Igreja de CRISTO fazendo com que a mesma perca a sua identidade e características
peculiares que lhe tornam apta e habilitada para alcançar o alvo, a missão e os
objetivos instituídos por DEUS para esta instituição na Terra...
Pra.Carmem (Pra. Acsa)